QUERATOCONE

CONDIÇÕES OCULARES

Queratocone

O Queratocone é uma doença querática ectásica não inflamatória caracterizada por uma forma cónica da córnea associada a uma diminuição da sua espessura na zona do cone, falência crónica biomecânica e estreitamento estromal.


Apresenta uma prevalência de aproximadamente 138 por cada 100 000 habitantes, sendo a ectasia corneana mais comum, progredindo geralmente durante a puberdade e com tendência para estabilizar posteriormente.


Distingue-se de outras formas ectásicas da córnea como a Degenerêscia Marginal Pelúcida ou Queratoglobo, pela sua localização (geralmente paracentral temporal) e pela coincidência do seu ponto mais fino com a zona do cone, sendo considerada uma patologia geralmente progressiva, bilateral embora assimétrica, resultando numa topografia irregular e com um aumento da sua fragilidade biomecânica, consequência deste afinamento.


O Queratocone terá, provavelmente, uma origem multifatorial embora também não totalmente conhecida, contudo, fatores genéticos e ambientais sejam decisivos. Clinicamente o Queratocone manifesta-se por uma diminuição da acuidade visual associada a elevada ametropia, nomeadamente a um astigmatismo miópico irregular de difícil correção com óculos.


Numa fase inicial é difícil o seu diagnóstico pela ausência de sintomatologia e semiologia, denominada por forma “Fruste”, sendo muito importante no pré-operatório da cirurgia querato-refrativa.


Apresenta vários achados clínicos típicos, que ajudam a sua classificação como por exemplo astigmatismo miópico elevado (muitas vezes anisométrico), sinal Munson, sinal de Rizzuti, anel de Fleischer, estrias de Vogt, reflexos em tesoura à retinoscopia, fibrose central e até hidrópsia aguda.


Os pacientes geralmente experienciam uma diminuição da sua acuidade visual, poliopia (múltiplas imagens), diplopia geralmente monocular (duas imagens), fotofobia (sensibilidade à luz) e cefaleias.


O tratamento do Queratocone depende da severidade do mesmo, mas numa primeira linha de tratamento encontram-se os óculos. Com a progressão da patologia e com o aumento das aberrações de alta ordem e irregularidade, as lentes de contacto especiais como hidrófilas (moles), híbridas, RPG (semi-rigidas) corneanas e esclerais apresentam-se como a solução.


Do ponto de vista cirúrgico em casos mais severos, encontramos Queratoplastia Penetrante (PK), consistindo numa substituição total da espessura corneana, Queratoplastia lamelar anterior profunda (DALK), substituição parcial do tecido queratico, Segmentos de anel intraestromais (Ferrara e INTACS), na tentativa de regularizar a superfície corneana e diminuir erro refrativo e nos últimos anos o Crosslinking de colagénio, aplicação de radiação UVA após colocação de um agente fotossensível, levando a um fortalecimento das ligações entre as fibrilhas de colagénio.

Fonte

Share by: