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Expression Glacier Shamir ™

jan. 27, 2023

Expression Glacier Shamir ™

O tratamento antirreflexo está tão intrínseco na nossa prática, e associado à compra de lentes oftálmicas, que acabamos por nos esquecer dos seus fundamentos base e as suas inovações ao longo dos anos.


Os primeiros tratamentos antirreflexo surgiram no século XIX e tinham como objetivo aumentar a durabilidade das lentes, facilitar a sua limpeza, melhorar a visibilidade dos olhos do utilizador e, mais relevante ainda, reduzir os reflexos tanto na superfície anterior como posterior da lente.


Todos os materiais, incluindo a superfície polida e transparente das lentes oftálmicas, refletem luz, à semelhança do que acontece com um espelho. Contudo, a % de luz refletiva varia segundo o índice de refração do material, quanto mais elevado o índice de refração maior reflexão de luz.


Tanto a superfície anterior como a posterior das lentes oftálmicas refletem luz. Este fenómeno, para além de inestético, é limitador da visão, reduzindo a qualidade da visão do utilizador.


Mais ainda, se os materiais apresentam uma elevada reflexão de luz, esta chegará em menor quantidade à retina, diminuindo a acuidade visual e a sensibilidade ao contraste. Como consequência provoca tempos de reação visuais mais longos e muitas vezes associado a queixas astenópicas.


Os tratamentos antirreflexos surgiram na tentativa de reduzir a reflexão da luz e aumentar a transmissão de luz até a retina, conseguindo-se através do princípio da interferência.


O princípio da interferência acontece quando um feixe de luz proveniente de um determinado meio com um determinado índice de refração (por ex. o ar n=1) passa para outro meio (por ex. lente oftálmica) com diferente índice de refração, sofrendo interferência (parte da luz é refletida e outra atravessa a interface). No caso particular de uma lente oftálmica, a reflexão de luz ocorre na sua superfície anterior e posterior.


O tratamento antirreflexo consegue reduzir o fenómeno de reflexão de luz quando tem a capacidade de ter um comprimento de onda da superfície anterior e posterior que se anulam mutuamente. Isto é possível quando se obriga o reflexo de luz, da parte posterior da lente a percorrer ½ comprimento de onda mais distante do que o reflexo da parte anterior da lente, ocorrendo quando o tratamento tem precisamente ¼ da espessura de um comprimento de onda.

Com isto, estamos a aumentar a % de luz transmitida pela lente e reduzimos a % de luz “pedida” por reflexão.


Contudo, a luz natural (espectro de luz visível) é constituída por inúmeros comprimentos de onda diferentes. Se o tratamento antirreflexo fosse constituído apenas por uma camada única, reduziria a reflexão apenas para um determinado comprimento de onda, específico para uma cor, e todos os outros não estariam contemplados. Assim sendo, para que o tratamento antirreflexo reduza a reflexão para todos os comprimentos de onda do espetro de luz visível surge o antirreflexo por multicamadas.


Outro conceito relevante para compreender a eficácia do tratamento antirreflexo é o de sensibilidade espectral fotópica. A sensibilidade espectral é a eficiência relativa de detecção de luz em função da frequência ou comprimento de onda.


A percepção de luz no olho acontece na retina devido à presença de dois tipos de células fotorreceptoras: cones e bastonetes. Os cones, localizados na região central, encontram-se associados à visão diurna, colorida, e com a percepção de pequenos detalhes, enquanto que os bastonetes, localizados na periferia do campo de visual, estão associados à visão noturna. Ou seja, os cones e bastonetes possuem sensibilidades espectrais diferentes, definidas, respectivamente, como visão fotópica (alta luminosidade) e visão escotópica (baixa luminosidade).


Em condições fotópicas, e apesar de existirem 3 tipos de fotopigmentos nos cones, existe apenas 1 pico na curva de sensibilidade espectral situado nos 555nm, alterando para os 507nm em condições escotópicas. Em condições fotópicas, o tempo de percepção visual é mais curto e o tempo necessário para desencadear astenopia é mais longo. Torna-se desta forma fundamental, nestas condições de iluminação, reduzir ao máximo a reflexão de luz, para permitir o máximo rendimento visual sem queixas associadas.

A acuidade visual (AV) é a capacidade de resolução espacial do sistema visual, sendo caracterizado pelo menor tamanho angular possível de ser identificado pelo indivíduo, geralmente usando escalas de AV com determinadas caraterísticas técnicas. Por exemplo, optótipos de cor preta sobre um fundo branco com contraste superior a 0,9 e a luminância deve ser constante em toda a tabela, igual ou superior a 120cd/m2.


A medição da acuidade visual é habitualmente realizada usando optótipos de Snellen de elevado contraste em salas escurecidas. Estas condições, isto é, letras de elevado contraste e o baixo nível de iluminação das salas de consulta, resultam numa incompleta informação acerca da capacidade da função visual em ambientes reais (fora do consultório). O glare, ou encandeamento (glare não incapacitante) é o principal responsável pela redução da visão devido à luz situada dentro do campo de visão, sendo de fácil entendimento a importância do antirreflexo na melhoria da AV.


A AV apresenta-se mais como a medida quantitativa da função visual e a sensibilidade, por seu lado, a medida qualitativa.


Nas nossas tarefas do dia-a-dia, não estamos constantemente a ver pequenas letras sob um fundo brilhante, mas sim objetos com diversas configurações e tamanhos e com condições de iluminação também muito diversas (luz natural, luz artificial, ect). O conceito mais simples de sensibilidade ao contraste define-se como capacidade de distinguir os contornos de um objeto, sendo a sua definição mais científica dada pela razão entre a diferença de luminância e sua soma, com a seguinte formulação matemática C= (Lmax –Lmin) / (Lmax +Lmin). A curva da sensibilidade ao contraste é determinada em parte por fatores ópticos e em parte por fatores neuronais, sendo que o antirreflexo é um dos aspetos mais importantes (ópticos), especialmente em frequências espaciais elevadas, permitindo uma maior iluminação retiniana.

Tendo em consideração os conceitos apresentados, o departamento I&D da Shamir desenvolveu a LayerCalc Technology™ que permitiu a criação do novo tratamento antirreflexo Shamir Glacier Expression™. A nova LayerCalc Technology™ permite a criação de um tratamento constituído por 5 índices de refração diferentes em que cada camada ótica do conjunto antirreflexo foi cuidadosamente trabalhada, de acordo com a sensibilidade do olho humano a diferentes comprimentos de onda.


O Shamir Glacier Expression™ foi concebido para absorver seletivamente os comprimentos de onda a que o olho humano é mais sensível, permitindo um ótimo desempenho espectral, conforto visual, mantendo ao mesmo tempo propriedades mecânicas tais como a durabilidade, desempenho hidrofóbico/oleofóbico e refletor.


Os tons residuais esverdeados também foram alvo de análise, e como vimos anteriormente, estão situados próximo do pico de sensibilidade espectral. A Shamir decidiu reduzir ao mínimo esses reflexos, deslocando-os para a parte periférica do espectro e, consequentemente, menos sensível para o olho humano. Como resultado, o tom residual do tratamento adquire numa coloração azul-púrpura muito discreta e estética (3x menos reflexos com mais transmissão de luz).

Os benefícios comprovados do tratamento Shamir Glacier Expression™ representam um novo nível de melhoria do desempenho do tratamento de lentes no universo oftálmico. A minimização do reflexo luminoso em 72%, não só permite ao utilizador uma melhor visão sem reflexos, especialmente na condução noturna, como também na sua estética. Enquanto reduz os reflexos anómalos, o tratamento Shamir Glacier Expression™ também aumenta a percentagem de luz transmitida ao olho humano, em comparação com outros tratamentos antirreflexo. Existe assim numa melhoria de 25% na sensibilidade ao contraste, tempos de reação mais rápidos, visão mais nítida e menos fadiga ocular, tudo isto traduz-se num melhor desempenho visual.



 

 

Referências bibliográficas:

  1. Altalhi A, Khayyat W, Khojah O, et al. Computer Vision Syndrome Among Health Sciences Students in Saudi Arabia: Prevalence and Risk Factors. Cureus 12(2): e7060. doi:10.7759/cureus.7060.February 20, 2020.
  2. Marié S, Montés-Micó R, Martínez-Albert N, García-Marqués JV, Cerviño A. Evaluation of Physiological Parameters on Discomfort Glare Thresholds Using LUMIZ 100 Tool. Transl Vis Sci Technol. 2021 Jul 1;10(8):28. doi:10.1167/tvst.10.8.28.
  3. Zahra Hamedani, et al., Visual discomfort and glare assessment in office environments: a review of light-induced physiological and perceptual responses, Build. Environ. 153 (2019) 267–280, https://doi.org/10.1016/j. buildenv.2019.02.035
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  5. https://spoftalmologia.pt/wp-content/uploads/2020/12/Monografia-SP0-2020-FINAL-CAPA.pdf
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